segunda-feira, 21 de março de 2011

Conectivismo etc e tal

Fotografia: Alice Maria Costa


Alice Maria Costa (1)

   Conectivismo e o estudo do cotidiano escolar e social no século XXI implicam a resignificação dos processos de ensino e aprendizagem mediados pelas hipermídias que significa "a integração sem suturas de dados, textos, imagens de todas as espécies e sons dentro de um único ambiente de informação digital (FELDMAN, 1995 apud SANTAELLA, 2008:48)." Neste sentido, uma investigação sobre conectivismo implica o estudo do cotidiano social em seus arranjos ciberculturais no pós modernismo. E ainda em dialogar com educadores que de forma emergente, devido a sua formação humana ter sido determinada pelas tecnologias de sua época, ou seja, por sua condição de imigrante digital precisam co-criar situações de aprendizagem que utilizem o potencial destas tecnologias digitais.
Pensando nesta problemática da aprendizagem com/no/em ambientes online iniciei uma conversa sobre como Pesquisar nos/dos/com os cotidianos das escolas (ALVES, 2008) implica em vivenciar situações de aprendizagem na minha relação com o outro. Segundo (DOWNES & SIEMENS, 2008), "at its heart, connectivism is the thesis that knowledge is distributed across a network of connections, and therefore that learning consist of the ability to construct and traverse those networks". Para tal, as ideias conexionistas que surgiram na década de 1940 trouxeram o sentido que múltiplos elementos associados de forma totalmente aleatória passam qualificar as sinapses (conexões) que nos fazem imergir num oceano espontâneo e efêmero (SANTAELLA, 2008; PESCE: 2004; FERRAÇO, 2008). Neste contexto, posso afirmar que a construção do conhecimento pode ser entendida, sobretudo como um ato social em contraponto com a aprendizagem cartesiana de acordo com os estudos realizados por Brown & Adler (2007).
Para a pesquisadora Santaella (2004:34) a capacidade humana de pensar e de se relacionar no pós modernismo sofreu total influência da forma e mobilidade de contato com a linguagem externa (verbal escrita, verbal imagética, audiovisual etc) conseguintemente ocorreram mudanças substanciais nas relações sociais e profissionais, assim como modificou a nossa "sensibilidade corporal, física e mental", cabe elucidar que tal processo tem relação direta com o repertório das 'tecnologias mudas', em referência ao conhecimento que aprendemos, devido ao uso constante  sem o determinismo do momento e do lugar, a exemplo da linguagem. Estas alterações das estruturas cerebrais, integração explícita de ideias e de conceitos (e da relação entre estes) e a ligação à realidade social externa são algumas das ideias centrais da teoria do conectivismo, segundo
Para referenciar as modificações ocorridas desde a Idade Média aos dias atuais Santaella (2004) diferencia três tipos de leitores:
      [...] o leitor contemplativo, meditativo da idade pré-industrial, o leitor da era do livro impresso e da imagem expositiva, fixa. Esse tipo de leitor nasce no Renascimento e perdura hegemonicamente até meados do século XIX. O segundo é o leitor do mundo em movimento, dinâmico, mundo híbrido, de misturas sígnicas, um leitor que é filho da Revolução Industrial e do aparecimento dos grandes centros urbanos: o homem na multidão. Esse leitor, que nasce com a explosão do jornal e com o universo reprodutivo da fotografia e do cinema, atravessa não só a era industrial, mas mantém suas características básicas quando se dá o advento da revolução eletrônica, era do apogeu da televisão. O terceiro tipo de leitor é aquele que começa a emergir nos novos espaços incorpóreos da virtualidade (SANTAELLA, 2004:19).
Com estas associações e modificações contínuas da distribuição e vinculação das informações pelos softwares sociais, o conceito de rede social assume uma nova potência, o conhecimento vem sendo apreendido num tempo-espaço alternativo a escola, de forma contínua e não linear, as aprendizagens se dão colaborativa e cooperativamente, este fato nos remete a zona de desenvolvimento proximal (ZPD) (VYGOTSKY, 1994) que mantêm as trocas de informações mais significativas delegando o conhecimento secundário a "half-life of knowledge", ao intervalo de tempo necessário que o torna obsoleto. Este movimento de partilha tempestiva nos leva a uma desordem entrópica (PRIGOGINE, 1994 apud FERRAÇO, 2008) propicia a reestruturação básica das teorias de aprendizagem que não satisfazem as novas condições da aprendizagem mediadas por computadores conectados à internet e dos usos dos softwares sociais.
Agora, convido a você meu interlocutor a refletir comigo uma pedagogia para além das aprendizagens por experiência (STEPHENSON, não datado) e da pedagogia da auto-organização (ROCHA, 1998; BALANDIER, 1996), onde pessoas e instituições estão conectadas. Siemens (2005:4) diz que "connectivism is the integration of principles explored by chaos, network, and complexity and self-organization theories."
Acrescenta os princípios do conectivismo:
·                     Learning and knowledge rests in diversity of opinions.
·                     Learning is a process of connecting specialized nodes or information sources.
·                     Learning may reside in non-human appliances.
·                     Capacity to know more is more critical than what is currently known
·                     Nurturing and maintaining connections is needed to facilitate continual learning.
·                     Ability to see connections between fields, ideas, and concepts is a core skill.
·                     Currency (accurate, up-to-date knowledge) is the intent of all connectivist learning activities.
·                     Decision-making is itself a learning process. Choosing what to learn and the meaning of incoming information is seen through the lens of a shifting reality. While there is a right answer now, it may be wrong tomorrow due to alterations in the information climate affecting the decision (SIEMENS, 2005:5).
Como pensar num trabalho pedagógico conectado a estes princípios e noções do conectivismo?


Referências:

FERRAÇO, Carlos Eduardo. Currículos e conhecimentos em redes: as artes de dizer e escrever sobre a arte de fazer. In: ALVES, Nilda. GARCIA, Regina Leite. O Sentido da Escola. 5ª ed. Petrópolis: DP et Alii, 2008.

PEDRO, Neuza. Connectivism. DE-FCUL, Fundamentos e Metodologias de E-learning. Janeiro, 2009. Disponível em: . Acesso em: 20 mar. 2011.


Santaella, Lúcia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004. - (Comunicação).
SIEMENS, George. Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. In: International Technology Et Distance Learning. Table of Contents – January 2005. Vol 2. No. 1. Disponível em: . Acesso em: 18 jan. 2011.


WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Pós-modernidade. 2011. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-modernidade#P.C3.B3s-Modernismo. Acesso em: 20 mar. 2011.

Webfotografia:

COSTA, Alice Maria. Avatar Marie Grafta no Janjii's Dreamland. Disponível em: Metaverso Second Life na Janjii's Dreamland. Acesso em: 20 mar. 2011.

Nota: (1) Participante voluntária do Grupo de Pesquisa Docência na Cibercultura - GPDOC.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui a sua colaboração!