domingo, 18 de outubro de 2009

Professores no Brasil: impasses e desafios

GATTI, Bernardete; BARRETTO, Elba
Siqueira de Sá. Brasília: Unesco, 2009.

O texto Professores do Brasil: impasses e desafios nos mostra os diversos problemas na formação inicial e continuada dos professores brasileiros, a baixa remuneração, pouco tempo para estudo, péssimas condições de trabalho, um grande buraco entre a teoria e prática, falta de projeto político pedagógico, demanda crescente e radical de cursos de EAD sem a preocupação com a qualidade, falta de plano de carreira, contato direto com problemas de violência que cercam nossas escolas e das quais os professores são quase sempre as vítimas, pouco incentivo para estudos e aprimoramento profissional, graves problemas de saúde pelas más condições de trabalho, propostas curriculares verticalizadas... São tantos problemas apresentados que a própria UNESCO diz ser urgente uma revolução nas estruturas funcionais e na formação dos professores.

Já não era sem tempo!

Eu não sabia, mas somos o terceiro maior grupo de trabalho do País e mesmo assim acompanhamos todos os dias através de documentos como este, como em tantos outros que circulam na rede e nos congressos e seminários que participamos como a profissão do Professor vem sofrendo com o descaso das autoridades em todos os níveis, tanto no âmbito federal, como estadual e municipal.Assistimos a queda substancial nos cursos de formação de professores pelos baixos salários e pelas condições de trabalho: 50% dos docentes recebem menos de R$ 720 por mês, pouca fiscalização das universidades privadas que oferecem cursos de má qualidade e pagam salários indignos aos professores que para sobreviver precisar trabalhar em várias escolas para garantir um salário que o permita “sobreviver”.
A Lei de Diretrizes e Bases estabelece que os professores precisam ter curso superior para ensinar na educação básica que abrange do ensino infantil ao nível médio. Mas os professores que estão nas salas de aula hoje saem da faculdade despreparada para o magistério. A formação dos docentes no Brasil é o problema crônico da educação brasileira, na opinião de especialistas. O grande desafio da universidade brasileira é, em curto prazo, instituir propostas consistentes de formação de professores e de educação continuada para os mesmos, especialmente para aqueles que atuam na rede pública.
É necessário repensar e revisar a qualificação dos docentes da educação fundamental e básica, qualificando professores, preparando-os para a docência, revisando a relação teoria-prática, a competência técnica e científica, o enriquecimento cultural e profissional, permanentemente. O simples diploma de licenciado não garante, no mundo de hoje, capacidade para liderar o processo de aprendizagem. Há que se buscar aperfeiçoamento, dinamismo, vontade forte de ousar para altos horizontes e vivenciar contextos diferentes na educação. É preciso investimento.É preciso vontade política!

Retirei dos dados levantados pela UNESCO, aqueles que gostaria de dá maior ênfase, acrescentando a eles algumas observações.

1. Somos o 3º grupo de trabalho mais numeroso do Brasil
2. Possuímos o maior número de instrução com nível médio e superior
3. O grupo de professores é o grupo mais homogêneo dos pesquisados
4. 83% dos professores fazem parte do setor público e destes 83% e 77% são professores da Ed.básica
5. Do quadro geral de professores 77% são mulheres, com um número mais alto na Educação infantil
6. Os docentes que se consideram brancos é uma grande maioria, aumentando os nº de não brancos nos níveis mais baixos de escolaridade(interessante este dado)
7. A grande maioria dos docentes possui apenas um trabalho com sua maioria na Ed Infantil, seguida do Fundamental e do Médio
8. Geralmente um professor trabalha 30 horas semanais.
9. A maioria dos docentes na área do magistério são do sexo feminino(primeiro pedagogia e demais licenciaturas)
10. Somos os estudantes que têm uma faixa de idade mais velha
11. O grupo majoritário (50,4%) concentra-se nas faixas de renda média (entre 3 a 10salários mínimos), mas observa-se clara inflexão para a faixa de renda mais baixa, de 1 a 3 salários mínimos, (39,2%), o que pode ser interpretado como a profissão de professor ser um meio acessível para ascensão social de estratos de origem popular a carreiras mais qualificadas.
12. A grande maioria dos docentes licenciandos trabalham 40 horas semanais e por isso resta pouco tempo para estudo(outro ponto importante)
13. Os licenciandos que fazem pedagogia, o fazem por que a bagagem cultural inferida pela escolaridade da mãe é maior entre os licenciados das áreas específicas de conhecimento.
14. Licenciando raramente lêem jornais, no entanto, a grande maioria tem cesso a Internet e a utiliza principalmente para fazer trabalho dos cursos.
15. Em face da exigência legal de formação em nível superior para todos os professores feita pela lei 9394/96, o lócus da formação inicial docente desloca-se integralmente para o ensino superior.(há uma correria para a universidade para dá conta de uma Lei sem ao mesmo preocupar-se com a qualidade dessa formação)
16. A iniciativa privada detém a maior parte dos cursos e das matrículas, embora se note que o poder público vem se comprometendo mais com a formação de professores do que em décadas anteriores. A despeito do grande esforço de ampliação de vagas feito pelas instituições públicas, as matrículas nas privadas têm aumentado em proporções maiores, entre os motivos, pela maior oferta de vagas que oferecem no período noturno.

17. Quanto às Licenciaturas a distância deve-se considerar que:
A expansão das licenciaturas a distância no país faz parte da política induzida pelo MEC que decorre da exigência de formação docente em nível superior e de estudos realizados em 2004 que estimavam uma demanda de formação docente para a educação básica de cerca de 875 mil vagas. Nesse ano o MEC convoca as universidades federais a oferecerem cursos de licenciatura a distância em Pedagogia, Matemática, Física, Química e Biologia. Elas se organizam em consórcios e passam a atuar nas diferentes regiões. Em 2005, decreto presidencial determina a equivalência de certificados e diplomas de EAD e de cursos presenciais, e em 2006 é criada a Universidade Aberta do Brasil, visando promover a formação inicial e continuada a distância de professores da educação básica. A UAB tem propiciado a articulação entre as IES, estados e municípios para expandir e interiorizar a oferta de nível superior a populações longe dos grandes centros. A reordenação do campo da EAD cria condições de crescimento acelerado da modalidade no setor publico e no privado. De acordo como Censo da Educação Superior, dos 107 cursos de licenciatura em 2004, passa-se a 408 em 2007; das 59 mil matrículas, salta-se para 369 mil, embora o número de vagas oferecido seja muito maior que o de matrículas. O setor privado evolui de 15% das matrículas em 2005 para 45% em 2007. Questionamentos são feitos sobre a qualidade desses cursos, e o debate sobre EAD está muito radicalizado. Não há que demonizar a educação a distância, atribuindo suas tentativas de expansão meramente às políticas de globalização que sucateiam o ensino e substituem as relações humanas pelas TIC’s. Não obstante, a defesa da democratização do acesso à educação superior que a EAD possibilita se justifica se representar efetivamente uma oportunidade de formação de professores com qualidade. Existem bons cursos de nível superior a distância, inclusive no Brasil, como os das Universidades Federal e Estadual do Mato Grosso, reunidas em consórcio. A União não dispõe do aparato necessário para o devido acompanhamento e supervisão de EAD em todo o território nacional e a capacidade de multiplicação muito rápida dessas licenciaturas, dá ainda margem a excessivas improvisações, desde a própria formulação do projeto pedagógico e da estrutura curricular dos cursos, até as questões ligadas ao seu funcionamento, à freqüência e aproveitamento dos alunos; ao papel dos tutores, sua formação e condição de trabalho; à construção de materiais, aos estágios nas escolas básicas e outras tantas.

O que vemos nas Instituições de ensino a distância é que muitas não oferecem igualmente os pólos educacionais com equipamentos e acesso a internet rápida, bibliotecas de apoio com uma expressiva diversidade e quantidade de obras fundamentais e complementares para os cursos oferecidos, apoio constante aos alunos tanto online quanto presencial e não possuem mecanismos de avaliação permanente dos alunos que estão em curso e também das próprias condições de funcionamento dos centros ou pólos. Compete ao MEC uma constante supervisão e avaliação dos cursos para verificar se os parâmetros mínimos exigidos estão sendo cumpridos e se, ao longo do tempo, as instituições se prontificaram a oferecer melhorias e mais possibilidades de crescimento aos alunos matriculados. Penso que os mecanismos de EAD podem ser de grande valia para o país não apenas no que tange a formação dos novos docentes ou da qualificação e graduação daqueles que já estão no mercado de trabalho e precisam completar seus estudos, mas que as maiores possibilidades do EAD para a formação dos professores reside na qualificação permanente, na atualização através de cursos complementares, na criação de redes de intercâmbio constante entre os educadores. Enfim, precisamos de uma discussão mais ampla no que diz respeito a Educação a distancia no Brasil.

Trago alguns links importantes sobre avanços e problemas em EAD

http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=14463&chapterid=10966
http://www.ccuec.unicamp.br/ead/impressao_html?foco2=Publicacoes/78095/736194&focomenu=Publicacoes&imprimir=1
http://www.ead.unisc.br/portalead/documentos/referenciais_qualidade_ead.pdf




Postado por Rosemary dos Santos




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